CIRURGIA BARIÁTRICA
A cirurgia bariátrica é um tipo de intervenção cirúrgica realizada no aparelho digestivo para ajudar o paciente a passar pelo processo de emagrecimento.
Esse tipo de tratamento costuma ser indicado para pacientes com obesidade mórbida, ou a obesidade de grau III, e com um IMC (índice de massa corpórea) acima de 35, quando associado a outras condições médicas como apneia do sono, diabetes, hipertensão arterial e problemas como gordura excessiva no sangue, ou acima de 40.
Para serem indicados a esse tipo de tratamento, os pacientes devem ter tentado perder peso por pelo menos dois anos, sem sucesso, mesmo com o auxílio de medicamentos, alimentação regrada e exercícios físicos.
Estudos recentes mostram que a Cirurgia Bariátrica tem efeitos positivos muito além da perda de peso. Após o procedimento, os pacientes reduziram o risco de gordura no fígado em quase 90%. Também foi identificada a redução de problemas hepáticos e cardíacos importantes.
Pacientes que se submetem à cirurgia bariátrica geralmente perdem até 40% do peso corporal. Após a cirurgia, eles passam a precisar de menos medicações para manter doenças como diabetes tipo 2, pressão alta e colesterol sob controle.
Um estudo do Instituto de Pesquisa HCor (Hospital do Coração) reforça a ação da bariátrica nas enfermidades que compõem a síndrome metabólica, como diabetes e hipertensão. O levantamento aponta que, entre os pacientes submetidos ao procedimento, 83,7% conseguiram reduzir o número de medicações e manter a pressão controlada —dentre eles, 51% mantiveram a pressão sem nenhuma medicação.
O primeiro passo para a realização da cirurgia é a avaliação clínica. Nela, será solicitado exames de sangue, urina, ultrassonografia abdominal e endoscopia digestiva alta.
- Caso o paciente esteja dentro dos critérios para a realização da cirurgia, será encaminhado para acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, o que envolve nutricionista, endocrinologista, cardiologista, psicólogo e outros especialistas. Essa etapa de avaliações com áreas especializadas pode durar alguns meses, geralmente se encerrando em 90 dias.
- Depois de ter todos os laudos dos exames em mãos e a autorização da equipe multidisciplinar é hora de se preparar para uma nova rotina e para a mudança de hábitos.
⚠️Independente do tipo de cirurgia bariátrica, o paciente deve estar ciente que as mudanças começam antes da operação.
⚠️Álcool e tabaco devem ser evitados, a fim de diminuir as chances de complicações durante o procedimento, para evitar gastrites e úlceras e para contribuir para melhorar a cicatrização.
Vale lembrar de que é extremamente importante ter confiança em toda a equipe que irá realizar o procedimento cirúrgico para sanar as dúvidas, diminuir a ansiedade e garantir mais segurança para realizar a cirurgia.
A indicação da cirurgia bariátrica e metabólica está baseada em quatro critérios: índice de massa corporal; idade; doenças associadas; e tempo de doença.
A cirurgia bariátrica pode ser indicado nos pacientes com IMC ≥ 40kg/m² ou em pacientes com IMC ≥ 35 associado a comorbidades como: risco cardiovascular maior que 20% em dez anos, doença cardiovascular, hipertensão arterial de difícil controle, diabetes mellitus de difícil controle, síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (apneia do sono) e doença articular degenerativa.
Pode ser indicado também após falha no tratamento conservador (mudança de hábitos, realização de dieta, atividade física, farmacoterapia e atenção psicológica) por pelo menos dois anos.
É importante ressaltar que cada caso necessita ser avaliado criteriosamente pelo médico especialista e a equipe multidisciplinar responsável pelo tratamento da obesidade.
A Cirurgia Bariátrica vem se tornando um importante aliado no tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal.
Na maioria dos pacientes, a cirurgia bariátrica – além de levar a uma perda de peso grande – traz benefícios no tratamento de todas as outras doenças relacionadas à obesidade. É possível uma melhora importante ou mesmo remissão do diabetes, do controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico e alívio das dores articulares.
As diferenças entre as técnicas de cirurgias bariátricas e suas indicações para o tratamento da obesidade são questionamentos comuns dos pacientes no consultório. Por isso, vamos falar um pouco dessas duas técnicas da Cirurgia Bariátrica.
- O Sleeve ou Gastrectomia Vertical é uma cirurgia restritiva que diminui cerca de 80% do volume do estômago, onde o mesmo é transformado numa “manga de camisa” por isso que o nome é Sleeve. Nessa técnica é retirada uma parte do estômago que chamamos de fundo gástrico no qual é produzida a grelina que é o hormônio que dá a sensação de fome e com a redução de 80%, o paciente terá saciedade precoce e com isso uma perda de peso de cerca de 30%.
- O ByPass é uma cirurgia tanto restritiva quanto disabsortiva, onde tem uma diminuição de 95% do tamanho do estômago e um desvio do intestino inicial por isso que é denominado ByPass, ou seja a comida deixa de passar por cerca de 1m a 1,5m de intestino, promovendo o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.
Os cuidados antes da cirurgia bariátrica são essenciais pensando na recuperação do paciente. Um bom preparo pré-operatório otimiza a segurança e os resultados do procedimento.
O paciente deve realizar todo o protocolo de exames pré-operatórios.Além da consulta com o cirurgião, é fundamental a avaliação da equipe multidisciplinar que fará os ajustes e avaliações necessárias antes do procedimento cirúrgico.
É recomendado também que o paciente emagreça cerca de 5% a 10% de seu peso antes da cirurgia para melhorar sua condição clínica. Isso aumenta a segurança na operação.
Com base na minha experiência com meus pacientes, aqui vão cinco dicas essenciais para a vida pós-cirurgia bariátrica:
1. Respeite o período de dietas restritas (liquidas, pastosas e etc.) e reeducação alimentar
2. Uso de suplementos alimentares vitamínicos
3. Práticas regulares de atividades físicas
4. Realização dos exames necessários e uso dos remédios prescritos pelo médico
5. Acompanhamento multidisciplinar por meio de consultas regulares, principalmente o atendimento psicológico
Os cuidados com a dieta pós Cirurgia Bariátrica são essenciais e garantem que o paciente realize a adequação de nutrientes e calorias para ter uma boa recuperação, preservando massa magra durante o emagrecimento e também minimizando problemas como o refluxo, a saciedade precoce e o Dumping, além de readequar o organismo à nova realidade do paciente.
Por isso, os pacientes devem passar por quatro fases antes de voltar a ter uma alimentação regular. Em geral, este período pode variar de 8 a 10 semanas.
É importante ressaltar que cada caso é único e pode haver variações nas fases nutricionais de acordo com a técnica cirúrgica utilizada e também com a realidade pessoal do paciente.
Formado por diversos profissionais da área da saúde, o acompanhamento multidisciplinar tem como objetivo atingir um resultado comum. Na cirurgia bariátrica, esse objetivo é a mudança de hábitos do paciente e a manutenção do novo peso.
Esse acompanhamento é composto por por especialistas com experiência em obesidade e cirurgia bariátrica, que acompanham de forma direta os pacientes. Integram a equipe: médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras e educadores físicos.
A participação de uma equipe multidisciplinar no tratamento da obesidade, no pré e pós operatório de cirurgia bariátrica, é determinante para a adesão ao tratamento, para a redução do número de complicações e para melhores resultados.
Existem diversas situações em que uma cirurgia de obesidade precisa ser revisada. Neste contexto o paciente será submetido a Cirurgia Bariátrica Revisional.
As situações que podem indicar revisões são:
- Pacientes que não se adaptaram a técnica utilizada e necessitam de conversão para outra técnica ou desfazer a cirurgia.
- Excesso de perda de peso e/ou anemia/desnutrição.
- Aderências ou hérnias internas
- Problemas Técnicos/Anatômicos – alterações como: Retirada de anel em Cirurgia tipo Fobi-Capella, Fistula Gastro-Gástrica (comunicação entre o estômago pequeno e o estômago excluso, interferindo na perda de peso), Estômago muito grande/dilatado, Desvio intestinal insuficiente, etc.
- Reganho de peso/retorno do diabetes 2 – Esse grupo de pacientes deve inicialmente ser avaliado por equipe multidisciplicar (nutricionista, psicólogo, endocrinologista), afim de avaliar e identificar a origem da falha terapêutica. Em casos selecionados, liberados pela equipe multidisciplinar, a reoperação pode ser considerada.
- Doença do refluxo gastroesofágico após banda gástrica ajustável ou gastroplastia sleeve.
⚠️ O paciente deve saber que a cirurgia não deve ser banalizada, tem riscos e só deve ser realizada quando todas as outras opções terapêuticas se esgotaram.
⚠️Devido a fato de tratar-se de uma reoperação, havendo a possibilidade de aderências e por tratar-se de uma anatomia já alterada, a cirurgia robótica apresenta inúmeras vantagens quando empregada nas cirurgias bariátricas revisionais.